Entrei na estação para fugir dos tiros, conta moradora do rio
Até o momento, a operação resultou em mais de 128 mortes.
Pânico e medo tomaram conta dos moradores do Rio de Janeiro nesta terça-feira, em meio a uma operação policial de grande escala nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação resultou em um número elevado de mortos e presos, além de gerar transtornos significativos para a população. Milhares de pessoas enfrentaram dificuldades para retornar aos seus lares, devido aos bloqueios nas principais vias e à intensa troca de tiros.
As estações de metrô e os pontos de ônibus ficaram superlotados durante a tarde, enquanto a Polícia Militar informava que criminosos da facção Comando Vermelho haviam ordenado o fechamento de importantes acessos da cidade.
Em meio ao caos, a professora Marise Flor relatou ter sido pega em meio a um intenso tiroteio ao tentar pegar um ônibus para voltar para casa. Seu filho tentou resgatá-la de carro, mas foi impedido pelos bloqueios nas vias. Diante da situação, ela precisou desembarcar na estação Outeiro Santo, no corredor Transolímpica, em Jacarepaguá, devido às barricadas montadas por grupos criminosos.
Segundo seu relato, policiais militares chegaram ao local e efetuaram disparos para dispersar os moradores que permaneciam na área. Nesse momento, Marise buscou refúgio dentro da estação para escapar dos tiros. “Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”, declarou.
Após um momento de tensão, a professora conseguiu solicitar um carro de aplicativo e finalmente deixou a estação. Seu filho a encontrou e a levou para casa. Marise descreveu o impacto emocional da situação, relatando dores de estômago e uma crise de choro ao chegar em segurança.
Outra moradora, Mariana Colbert, atendente de um quiosque de sorvete e grávida de quatro meses, relatou que as ruas do Engenho da Rainha, onde reside, já estavam bloqueadas desde as 8h30 da manhã. Segundo ela, três ônibus foram utilizados para bloquear a via. Estima-se que mais de 50 veículos foram utilizados como barricadas em diversos pontos da cidade.
Mariana precisou caminhar até Inhaúma para conseguir embarcar em um ônibus em direção ao trabalho. Ela conta que o motorista alterou o trajeto para evitar a comunidade controlada pelo Comando Vermelho, alvo da operação policial. “Levei uma hora para chegar ao trabalho, mas ainda consegui. Muita gente não foi trabalhar, muitas lojas ficaram fechadas”, disse. No final do expediente, Mariana conseguiu um carro por aplicativo e retornou para casa, encontrando a via já liberada e com forte presença policial.
A operação em curso é considerada a maior em 15 anos no Rio de Janeiro. Cerca de 2,5 mil policiais civis e militares estão envolvidos nas ações nos complexos do Alemão e da Penha, com o objetivo de capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. No entanto, a operação também se tornou a mais letal, superando o número de mortes registradas na operação do Jacarezinho, em 2021. Até o momento, a operação resultou em mais de 128 mortes.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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